quinta-feira, 14 de junho de 2007

O punk e o social

A palavra punk fora pela primeira vez utilizada por Shakespeare, que significa “prostituta”, sendo que mais tarde esse conceito foi mudando e dando sinônimo de miserável. A mudança de sentido se deu pela situação que a Inglaterra passava no fim dos anos 70, desemprego em massa, violência, a face obscura da revolução industrial dava as caras.

Dentro dessa massa de desempregados um grande número era de jovens que em plena adolescência se achava distante do pacifismo hippie, pois se o sistema era rude com eles, com certeza não seria por meio de “paz e amor” que eles expressariam a selvageria de suas vidas. Suas roupas eram rasgadas pelo constante uso e seu visual tinha a intenção de chocar a conservadora sociedade inglesa da época, refletindo o que o sistema era com completo; sujo, agressivo.

Há uma grande controvérsia sobre aonde o movimento tenha dado os seus primeiros sinais, pois nada acontece isoladamente, no exato momento quando se dá a insatisfação juvenil na Inglaterra o mesmo acontece primeiramente no oeste dos EUA, principalmente em Nova Iorque.

O movimento punk chegava ao continente americano, no início dos anos 70. Nos Estados Unidos, nas cidades mais caóticas (Nova York, Chicago, Detroit...), o movimento punk nascia, mas não sob o mesmo contexto de sua contraparte inglesa. A sociedade americana era, e ainda é, tão conservadora quanto à inglesa, da qual descende, mas seus motivos eram outros. Os punks americanos lutavam pela liberdade de expressão (que nunca existiu realmente no país), pela paz e pelo fim do racismo, dentre outras bandeiras próprias.

Era caracterizado quase que totalmente por um estilo baseado em música, moda e comportamento. Esta é a primeira manifestação punk nos EUA, o estilo punk rock, surge primeiro com a banda Ramones (outra grande controvérsia) por volta de 1975 e é caracterizada por um revitalização da cultura rock and roll (músicas curtas, simples e dançantes) e do estilo do rock na época(jaquetas de couro estilo motoqueiro, camiseta branca, calça jeans, tênis e o culto a juventude, diversão e rebeldia). Enquanto o rock and roll tradicional ainda criava estrelas do rock, que distanciavam o público do músico, o punk rock rompeu este distanciamento trazendo o princípio da música super-simplificada (pouco mais que três acordes, facilmente tocados por qualquer pessoa sem formação mínima musical) e instigando naturalmente outros adolescentes a criarem suas próprias bandas.

Enquanto na Inglaterra 1975, Malcom Maclaren, que já tinha sido empresário dos Dolls (anteriormente havia tido um contato com a cena de rock que estava surgindo nos EUA) e era dono de uma loja de roupas que mais parecia um sex shop, forma a banda que seria um dos maiores fenômenos da história do rock: os Sex Pistols. Estava criada a base do movimento punk. Logo, camisetas rasgadas, alfinetes de segurança, cabelos coloridos, arrepiados ou ao estilo índio moicano eram a moda dos rebeldes londrinos.

Graças ao regime militar, o movimento punk no Brasil é tardio. Só aparece por volta dos anos 80, já no fim da ditadura. Aqui, o fenômeno teve um outro rumo; se tornou mais uma das vozes contra o governo, há 24 anos no poder. Algumas coisas se mantinham do punk estadunidense, como a luta pela paz e pela liberdade de expressão e do punk niilista europeu.

Todos os três movimentos (brasileiro, inglês e norte-americano) que, apesar de receberem mesmo nome, tinham “ideais” diferentes, partiam do mesmo princípio: o Anarquismo. Apesar do que se conhece como anarquia, o anarquismo prega uma estrutura social sem representantes, ou seja, sem governo ou autoridade. Promove a paz e a responsabilidade mútua. Todos os cidadãos são responsáveis pelos seus atos e o crescimento do “estado”, país. O anarquismo teve uma grande influência no comportamento dos “punks” pois possibilitou uma politização maior desses jovens, que agora faziam manifestações, panfletagens, boicotes, passeatas: mostrando sua cultura e seu repúdio a todas as formas de fascismo, nazismo e racismo, autoritarismo, sexismo e comando; vendo como solução a autogestão (ou seja anarquia) para a libertação dos povos, raças, homens e mulheres.

Para finalizar vale ressaltar a importância desse movimento dentro do rock, com base no “faça você mesmo” trouxe uma força autêntica no rock, tirando-o da ressaca dos anos 60/70. Sendo um movimento de caráter totalmente internacionalista, que busca junto com a sua cultura protestar sendo a música apenas um meio dele (fanzine que seria um trocadilho em inglês com a palavra magazine que significa revista, ou seja, uma revista de fâs). Tanto pela estética ou pela poesia, o movimento não pode ser falado em algumas linhas de blog, pois é presente desde negros inconformados à homossexuais insatisfeitos, essa cultura abrigou todos os “desagregados” dessa sociedade e a infinidade de vertentes musicais produzida sem precedentes em vários movimentos culturais e musicais.

Texto por : Matheus Germano

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